Painel “Toda música brasileira é afro-brasileira”
Um ciclo de palestras que propôs uma imersão nas raízes afro-brasileiras da música nacional. Inspirado na afirmação do maestro Letieres Leite, criador da Orkestra Rumpilezz, de que toda música brasileira é no fundo afro-brasileira, o painel foi idealizado seguindo a premissa de que os ritmos, os instrumentos e as expressões culturais de matriz africana não apenas influenciaram, mas constituíram a base da nossa música.
O painel reuniu artistas, pesquisadores(as) e ativistas que abordam a música como campo de disputa histórica, estética e espiritual. As palestras trataram desde o apagamento das contribuições indígenas e negras na formação da cultura musical brasileira até a revalorização das práticas e saberes sonoros das periferias e terreiros. Foram discutidas questões como o embranquecimento das expressões negras, a relação entre samba e religiosidade afro-brasileira, o papel político das escolas de samba, o afroexperimentalismo baiano e as circulações culturais afroatlânticas no século XX. O funk carioca é apresentado como expressão da ancestralidade e resistência popular, e o corpo como um arquivo vivo da diáspora musical.
Anne Rodrigues
Formanda em História pela Uneb, pesquisa os movimentos musicais forjados na diáspora a partir do corpo. Foi coordenadora da plataforma Mundo Afro e diretora artística do Festival da Rumpilezz e Festival Fala!, em Salvador. Professora do Laboratório Rumpilezzinho desde 2013, é a atual curadora e pesquisadora do Instituto Rumpilezz e sócia da Omin Art. Em 2023 foi curadora musical do Salvador Capital Afro, articuladora do PAMBA e participou da residência artística South to South do Humboldt Forum com a oficina-performance Memórias do corpo, Artimanhas do poder.
Dom Filó
Asfilófio de Oliveira Filho, Dom Filó como é mais conhecido, é produtor cultural, documentarista, diretor de TV, jornalista e engenheiro com pós-graduação em Marketing e MBA em Gestão e Planejamento. Profissional com mais de 40 anos de experiência nas áreas de Cultura, Esporte, Marketing e Comunicação, é o mentor dos festivais Ori e Flisamba e da Cultne, o maior acervo digital de cultura negra da América Latina.
Edbrass Brasil
Artista intermídia, educador popular, pesquisador e curador independente. Há duas décadas vem atuando em diversas áreas criativas, como produtor musical, rádio-artista, performer ou compondo trilhas sonoras para teatro. Sua produção recente parte de uma pesquisa que une aspectos da botânica e os seus usos cotidianos nas tradições afro-indígenas brasileiras e vem se materializando em peças sonoras, instalações e site specific performances.
Dessa Ferreira
Compositora, multi-instrumentista, produtora musical e educadora antirracista. Fundadora do NGOMA e do Circuito de Música Afro e Indígena Contemporânea, atua há mais de 18 anos na música e na promoção das culturas afro-brasileiras e indígenas.
Vinícius Ferreira Natal
Sambista, graduado em História pela UFF, mestre e doutor em Antropologia pela UFRJ, com estágio pós-doutoral em História da Arte pela Uerj. Atuou como diretor de pesquisa do Museu do Samba e coordenador de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do município do Rio de Janeiro. É autor de livros e artigos sobre o samba carioca e suas diferentes modalidades. Atualmente, é pesquisador do Gresu Vila Isabel e pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Relações Étnico-Raciais (PPRER-CEFET).
Claudinha Alexandre
Jornalista, comunicadora de rádio e TV, é doutora e mestre em Ciência da Religião (PUC-SP) e pós-doutoranda em Antropologia Social (FFLCH-USP). Autora dos livros Orixás no Terreiro Sagrado do Samba e Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô, vencedora do Prêmio Jabuti Acadêmico 2024.
Taísa Machado
Atriz, dançarina, roteirista e curadora, iniciou sua carreira no teatro com o Grupo Tá na Rua, do diretor Amir Haddad. Em 2014 fundou a Afrofunk Rio, plataforma de ideias e experiências para o movimento funk carioca com foco em raça, gênero e território. Atualmente ocupa a diretoria artística do Estudeofunk, hub de criação para funkeiros da Fundição Progresso. Em 2023 assinou a curadoria da exposição Funk: Um grito de Ousadia e Liberdade, em cartaz no Museu de Arte do Rio de Janeiro. Em 2024 foi contemplada pelas Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro com a medalha Chiquinha Gonzaga em função de seus trabalhos para o movimento funk carioca.
Salloma Salomão
Músico, performer, historiador e pesquisador, é doutor em História pela PUC São Paulo. Pesquisador associado do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e consultor da Secretaria de Educação do Município de São Paulo tem como especialidades temas como cultura musical, lutas pela liberdade, práticas culturais negras no século XIX e XX, identidades étnicas e movimentos negros urbanos, sociabilidades negras em São Paulo e musicalidades africanas.