A Guanabara que nos habita: cidades, florestas, mangues e jardins
 
Guanabara, braço de mar, seio de onde brota o mar. Imenso corpo líquido, geológico e geográfico cercado por montanhas, florestas, mangues... Espaço uno e plural. Jardim que há milênios inspira, acolhe, e, até certo ponto, abraça uma pluralidade de formas e forças viventes, entre as quais os humanos e suas cidades. A visão do perfil natural de seu recôncavo não só alimentou fisicamente a ocupação de suas margens, mas inspirou um espaço mítico, onde cosmogonias ancestrais fundem-se a evocações e projetos de mundos possíveis e justos.
Contudo, grande parte de seus espaços de sociabilidade denunciam o avesso da bem-aventurança e uma realidade das mais violentas e perversas: corpos em abandono, sacrificados no cotidiano, sem teto, sem comida, sem direito pleno de ir e vir com respeito e dignidade; uma ideia de cidadania seletiva e excludente onde as marcas da arbitrariedade e da subjugação se infiltram em práticas cotidianas que não conseguem esconder um estado permanente de guerra, nem mesmo em suas ações ditas pacificadoras.
Guanabara, seio de onde brota o leite materno das profundezas da terra, materialidade e modo de existência: como tornar mais potente a força cósmica de seu sítio? Onde estão as vozes daqueles que não se esquecem de como agir contra a inequidade? Quais os gestos que podem revelar a vida que se esconde em suas florestas, em seus manguezais, em seus corpos em festa? O que nos dizem aqueles que contam sobre suas águas encantadas e seus mundos múltiplos? O que desmistificar de seus mitos? Como reencontrar sua dimensão poética e concreta?
Coordenadora convidada:
Margareth da Silva Pereira | PROURB/UFRJ
Participantes:
Ana Rosa Oliveira | Instituto de Pesquisas Jardim Botânico
Iazana Guizzo | FAU/UFRJ
Jorge Luiz Barbosa | PósGeo/UFF
Lucia Helena Silva | PPGDT/UFRRJ
Nielson Bezerra | FEBF/UERJ
Orlando Calheiros | NAnSi/Museu Nacional
Renata Tupinambá | Jornalista e artista
Zoy Anastassakis | ESDI/UERJ
Programa
Dia 1 - 22 de janeiro
14h a 15h30 | Um sítio e seus mitos
- A Guanabara mítica e o desafio das cidades, com Margareth da Silva Pereira (PROURB/UFRJ)
- A Guanabara nos mitos indígenas: o lago de leite, com Renata Tupinambá (Jornalista e artista)
15h30 a 17h | Um sítio e suas ocupações
- A Revolta dos Tamoios: às margens da história, com Orlando Calheiros (NAnSi/Museu Nacional)
- A Guanabara como território do Antropoceno: o que dizem as águas dessa “boca banguela”?, com Zoy Anastassakis (ESDI/UERJ)
17h | Lançamento do livro Espírito das periferias: ancestralidade indígenas e africanas na Baixada Fluminense, com o autor Nielson Bezerra (FEBF/UERJ)
Dia 2 - 23 de janeiro
14h a 15h30 | Destruições, transformações, subsistência
- As águas encantadas das marés, com Jorge Barbosa (PósGeo/UFF)
- As águas domesticadas: os mangues e seus aterros, com Lucia Helena Silva (PPGDT/UFRRJ)
15h30 a 17h | O saber dos pequenos gestos: construções, instaurações, cuidado
- Plantar florestas, com Iazana Guizzo (FAU/UFRJ)
- Os jardins do jardim, com Ana Rosa Oliveira (Instituto de Pesquisas Jardim Botânico)
17h | Lançamento do livro Jardins, paisagem e gênio natural, de Gilles Clément, com a tradutora Ana Rosa Oliveira